Em Deus está a vida, toda a vida. Ele é a própria vida. Ora, não é nas obras exteriores, como a Criação, que o Ser infinito manifesta essa vida do modo mais intenso, mas sim no que a teologia chama operações ad intra: essa atividade inefável cujo termo é a geração perpétua do Filho e a incessante processão do Espírito Santo. Essa é, por excelência, a sua obra essencial, eterna.
A vida terrena de Nosso Senhor Jesus Cristo foi a realização perfeita do plano divino. Trinta anos de recolhimento, seguidos de quarenta dias de retiro e penitência, prepararam a sua curta carreira evangélica; e, durante as suas jornadas apostólicas, quantas vezes ainda, O vemos retirar-se para as montanhas ou para os desertos, a fim de orar: "Ele retirava-se para lugares solitários e entregava-Se aí à oração" (Lc 5, 16). Ou passar a noite a rezar: "Naqueles dias, Jesus foi para o monte a fim de fazer oração, e passou a noite a orar a Deus" (Lc 6,12). Rasgo ainda mais significativo: Marta deseja que o Senhor, condenando a suposta ociosidade da sua irmã, proclame a superioridade da vida ativa; a resposta de Jesus: "Maria escolheu a melhor parte" (Lc 10, 42), consagra a importância da vida interior. Jesus quis, pois, fazer-nos ver, claramente, a preponderância da vida de oração sobre a vida ativa.
Os Apóstolos, fiéis aos exemplos do Mestre, reservaram para si o ofício da oração e o ministério da palavra, deixando as ocupações mais exteriores aos diáconos: "Quanto a nós, entregar-nos-emos, assiduamente, à oração e ao exercício da palavra" (At 6,4).
Os Papas, os santos doutores e os teólogos afirmam, por sua vez, que a vida interior é superior à vida ativa.
CHAUTARD, Jean-Baptiste. A alma de todo o apostolado. São Paulo: Artpress. 2015.

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