O amor e a paciência da família são indispensáveis para a recuperação de um alcoólatra; eles são fundamentais.
Uma pessoa que, na dor, aprendeu tudo o que sabe é bem diferente daquela que aprendeu com amor, na paz e na bênção de Deus. A primeira é uma pessoa sensível, que se sente diminuída, que exige toda a atenção da família e das pessoas. Eu mesma sou uma pessoa que se magoa profundamente com qualquer olhar meio atravessado; sou como criança, mas, também, passados cinco minutos, não me lembro de mais nada.
Quando bebia, todas as vezes que chegava em casa, minha mãe estava me esperando, com um terço na mão. Aquilo me envergonhava. Se tivesse força para parar, pararia. Não daria este desgosto a ela. Mas como parar?
Às vezes eu saía num dia e só voltava no outro, e lá estava ela rezando. Minha irmã Lurdinha mora em Jerusalém, então, à noite, quando eu estava saindo, ela já estava se levantando, indo ao Santo Sepulcro rezar por mim e pelos meus irmãos. Hoje, ela diz que a coisa de que tinha mais medo era receber, a qualquer hora, uma notícia ruim relacionada a um de nós três, os irmãos que bebiam.
Só uma coisa me segurava dentro de casa: o amor. Quando eu estava na rua e retornava a minha casa para tomar banho, já planejando voltar para o bar, eu já ia pensando em brigar com o primeiro que aparecesse, como se eles fossem os culpados por não me darem paz. Então, eu só voltaria no dia seguinte.
NUNES, Joziane. Sede Sóbrios. O testemunho que quem vence o alcoolismo. São Paulo: Canção Nova. 2015.


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