sábado, 25 de fevereiro de 2017

A via ordinária da ação diabólica: tentação e pecado

A missão de Satanás é explicada claramente pelo apóstolo São Pedro: "O vosso inimigo, o Diabo, é como um leão rugindo em torno, procurando a quem devorar" (1 Pedro 5,8). Podemos interpretar a palavra "devorar" como "causar dano", "levar à perdição". Sua missão no mundo consiste em seduzir as almas, conduzir cada homem e cada mulher pelos péssimos caminhos do pecado. Nessa trágica missão, a via mestra é o percurso ordinário da tentação. Contra as tentações que visam nos levar ao pecado, cada um deve combater até o último dia. De fato, o pecado conduz à morte. 
Não deve surpreender a minha afirmação de que a via ordinária faz mais vítimas do que a via extraordinária, sobre a qual falaremos adiante. Por meio da primeira, todos somos vítimas; por meio da via extraordinária, somente algumas pessoas, além disso, muitas vezes sem culpa própria e, portanto, sem responsabilidade moral. A tentação nos assalta todo santo dia. Até Jesus aceitou sujeitar-se a ela durante os quarenta dias que passou no deserto, após ter sido batizado no Jordão (cf. Mateus 4,1ss), e também depois disso. Tenta-nos Satanás agindo em nossa esfera natural, isto é, ora levando em conta nossas feridas interiores e as fraquezas de cada um, ora por meio das ocasiões próximas de pecado que se apresentam a todos. 
A tentação é perigosa porque nem sempre é fácil de ser descoberta nos recantos de nossos pensamentos, palavras, obras e omissões. É preciso ter discernimento, um olhar e uma inteligência espiritual adestrada para reconhecer o guiso do tentador e recusar aquilo que nos conduz diretamente ao pecado, aceitando, ao invés, as boas aspirações que provém de Deus. Para isso é necessário guardar o nosso coração e nossos sentidos externos dos espetáculos indecentes. Cada um de nós se torna tudo o que vê, o que ouve, além do que lê. Discernimento, pois! E escolha de boas amizades. 

AMORTH, Gabriele. O exorcista explica o mal e suas raízes. Rio de Janeiro: Petra. 2016

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