As primeiras versões latinas da Bíblia surgiram na África do norte e muito provavelmente em Roma, que mantinham relações culturais estreitas. Embora não tenhamos o texto original, este foi reconstruído graças às inúmeras citações dos escritores africanos do terceiro século. Os primeiros autores a utilizarem o latim foram, na África, Tertuliano e, em Roma, Minúcio Felix e, pouco após, Novaciano. Mas a língua que prevalecia em Roma, nos ambientes culturais, era língua grega. O próprio Tertuliano escreveu cinco de suas obras em grego, traduzidas por ele mesmo para o latim.
As primeiras notícias que temos da presença da Igreja na África remontam a última metade do século segundo, com as Atas dos mártires scilitianos, que provinham provavelmente de uma população local, da cidade de Scillium. A chegada dos cristãos deu-se alguns decênios antes do ano 180. No tempo de Tertuliano, a Igreja já está bem organizada, a ponto de ele dizer, com certo exagero retórico, que se os cristãos abandonassem as cidades, estas se tornariam vazias.
Tertuliano não é considerado, no sentido estrito da palavra, "Padre da Igreja", mas escritor eclesiástico de grande importância. Pessoalmente, possui ampla erudição no campo literário, filosófico e jurídico. Nascido em Catargo, ele era capaz de escrever em grego e latim, chegando a verter para o grego algumas de suas obras, originalmente escritas em latim. Filho de um centurião romano, em sua idade madura, abraçou o Cristianismo, com a fogosidade do seu temperamento africano.
FIGUEIREDO, Fernando A. O alvorecer da Igreja na África. São Paulo: Cléofas. 2016

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