O nome pelo qual Jesus chamava Deus era ainda mais espantoso que aquele que Deus revelou a Moisés. Os judeus aprenderam com Moisés que Deus é apenas Eu Sou, a pessoa eterna, perfeita, única e totalmente real. E Jesus chamava essa pessoa por um nome que ninguém sonharia ou ousaria usar: "Pai".
Esse fato representava dois choques: Deus era Pai de Jesus, por natureza, na eternidade; e nosso Pai, por adoção, no tempo.
No mundo antigo, "filho adotivo" era o título legal genérico para mulheres e homens adotados; uma vez que o direito de herança era passado por meio dos homens, "filho" era a palavra necessária para designar o fato de que mulheres e homens tinham direito à plena herança espiritual de todas as riquezas de Deus concedidas por intermédio de Cristo. O ponto realmente "inclusivo" só poderia ser expresso por meio de uma palavra aparentemente "exclusiva".
E Jesus ainda foi mais adiante. Ele usava a palavra "Abba" - não apenas "Pai", mas "Papai", o termo íntimo usado pela criança ou pelo bebê. (Até mesmo um bebê consegue balbuciar: "Abba", ou "Papa"). Aquele que é infinitamente transcendente, agora, também será, por todo o resto do tempo e da eternidade, infinitamente íntimo. Agora, o Pai está brincando com o bebê e usando a fala dos bebês. O divino inacessível tornou-se tão acessível que pôde ser morto. Ele não só tornou seu espírito acessível, mas também seu sangue. Suas palavras de salvação não eram como as dos filósofos: "Esta é minha mente", mas: "Isto é o meu corpo" (Mateus 26,26).
KREEFT, Peter. Jesus, o maior filósofo que já existiu. As respostas de Cristo às perguntas mais importantes de nossas vidas. Rio de Janeiro: Petra. 2016


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