sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Fracasso causado pelo vício

Frequentemente o vício é um substituto da mãe. O viciado não quer se tornar adulto, quer permanecer sempre na segurança do colo materno. Por isso nem começa a lutar, a procurar trabalho, ou desiste logo. Chega, então, o dia em que é tarde demais. Ele tem de confessar que nunca viveu, que se tornou incapaz de assumir as rédeas da própria vida. Se não se submeter a um tratamento, continuará sendo para sempre um fracassado. Frequentemente lidamos com homens na casa dos 30 anos que ainda estudam e nunca trabalharam. Vivem com a mãe e a exploram. São sustentados por ela, brincam com sua compaixão. Uma mãe contou que dessa forma seu filho explorou e consumiu todas as economias que ela havia feito. Agora tudo foi por água abaixo. O dinheiro não serviu de ajuda para o filho, pois as necessidades dele não têm limites, e a mãe está quebrada. 
Não tem mais forças nem meios para cuidar da própria vida. O filho fracassou porque não teve coragem de andar com as próprias pernas. Um dia, então, é tarde demais para ele. Fracassou porque nunca viveu. 
Uma pessoa pode vir a fracassar também pelo vício no trabalho. Ela pensa que está trabalhando unicamente para a família, mas de fato tem necessidade do trabalho para fugir à própria realidade. Um dia, então, essa pessoa se vê diante do colapso físico ou psíquico, ou então diante do colapso da família. O trabalho não é reconhecido por esta. Ela sente que essa pessoa se esconde atrás do trabalho, que tem necessidade dele, que suas alegações de que trabalha pela família não correspondem à realidade. E assim a pessoa é cada vez mais rejeitada. Por fim ela se encontra sozinha, sem a família pela qual supostamente trabalhara com tanta dedicação. 

GRÜN, ANSELM. A chance de recomeçar. São Paulo: Verus Editora. 2007

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