Foram bem tristes os primeiros meses de 1918. A guerra e a gripe "espanhola" haviam matado muitos da população e do convento. Não posso deixar de lembrar, dentre as vítimas daquela epidemia, dois dos três videntes de Fátima, Francisco e Jacinta. O convento de Santa Maria delle Grazie foi reduzido a três freis: padre Paolino, o superior; frei Nicola, um frei pedinte; Padre Pio que apenas pegou a "espanhola", graças ao Céu, de modo rápido, mas ficou de cama de 5 a 17 de setembro. Esse era o pequeno grupo conventual.
Na manhã de sexta-feira, 20 de setembro, Festa dos Estigmas de São Francisco, depois da Missa, Padre Pio rezou tudo sozinho, no coro. Quase sem perceber, viu-se tomado por uma doce sono, acompanhado por uma completa sensação de paz. De improviso, ele se dirigiu àquele crucifixo que estava diante de si e que sempre esteve firme, no balaustre do coro.
Mas naquele momento, o crucifixo assumiu o semblante daquele personagem celeste que em 5 de agosto lhe havia traspassado o coração. Com uma diferença, desta vez o personagem tirou sangue abundante das mãos, dos pés e do coração, de repente, desapareceu.
Padre Pio, que ficou bastante assustado com aquela visão, sentiu-se ferido naquelas mesmas partes: nas mãos, nos pés e no coração; sentiu-se traspassado e não parava de sangrar.
Foi engatinhando até a cela, onde tratou de enfaixar os lugares feridos.
Escreveu sem seu diário espiritual os sentimentos que havia provado e que continuava experimentando: dor, crítica, humilhação, confusão. Não tinha paz; não sabia como comportar-se com os irmãos, com os outros. Invocou, suplicando ao Senhor com todas as suas forças:
- "Permita-me a dor, aumenta-a se o Senhor quiser, mas livra-me das marcas visíveis. Dá-me a graça de que não sejam vistas!"
AMORTH, Gabriele. Padre Pio - breve história de um santo. São Paulo: Palavra e Prece. 2010.
Ps.: postagem dedicada aos amigos Germano e Manuela Martinez.

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