A história da Bíblia no Brasil lança suas raízes em tempos remotos, mesmo antes da chegada dos primeiros portugueses ao Brasil, ainda em Portugal, quando foram feitas as primeiras traduções parciais do Bíblia ao português.
Uma das principais fontes de informação para esse período continua sendo o verbete Portugaises (versions) de la Bible, no Dictionarie de la Bible, de 1912, preparado por J. Pereira. Ele remeteu a duas publicações de dom frei Fortunato de São Boaventura (1777-18440, arcebispo de Évora, que trazem informações sobre o tema.
Em uma dessas publicações, Fortunato recolhe a informação de que um suposto bispo de Évora, de nome Gastão de Fox, teria traduzido a Bíblia do árabe ao português. Fortunato argumenta, no entanto, que essa informação é falsa. Na outra publicação, Fortunato traz informações sobre uma tradução dos Atos dos Apóstolos (Traducção do livro Actos dos Apostolos) e uma história abreviada do Antigo Testamento (Historias d´abreviado Testamento Velho, segundo o Meestre das Historias scolasticas, e segundo outros que as abreviarom, e com dizeres d´alguns doctores e sabedores). Essas traduções se econtravam em manuscritos do Mosteiro de Alcobaça, sendo que o manuscrito que contém as Historias é datado de aproximadamente 1320. Para J.Pereira, é aos monges de Alcobaça que vai a honra da primeira tradução da Bíblia ao português, ainda que parcial.
Esse mesmo manuscrito foi publicado em 1829 pelo mesmo frei Fortunato de São Boaventura. Depois dessa época, o manuscrito se perdeu. Em 1958, houve uma nova publicação, feita no Brasil, a partir da edição de frei Fortunato, pelo filólogo Serafim da Silva Neto (1917-1967): Bíblia Medieval Portuguesa (Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1958). Silva Neto publicou apenas o primeiro tomo, no qual era apresentado um projeto que previa outros três tomos. Em 1992, houve uma nova edição abrangendo apenas o Pentateuco (O Pentateuco da Bíblia Medieval portuguesa. Introdução e glossário de Heitor Megale. São Paulo: Imago/EDUC, 1992).
As Histórias não são uma tradução da Bíblia, como o próprio nome deixa perceber, mas uma "história abreviada do Antigo Testamento segundo o mestre das histórias escolásticas", Pedro Comestor, teólogo francês do século XII, que compôs uma Scholastica Historia que ia das origens do mundo ao martírio de São Pedro e São Paulo, em Roma. Sua obra, usada nas escolas medievais, conheceu ampla difusão na Europa de então.
MALZONI, Cláudio Vianney. As edições da Bíblia no Brasil. São Paulo: Paulinas, 2016.

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