segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Um exame de consciência pré-comunhão

Junto à frase do Batista, a liturgia agrega outra: Felizes os convidados para a Ceia do Senhor. Uma segunda modalidade ainda diz: Felizes os convidados para o Banquete nupcial do Cordeiro, em nítida ligação com a figura cristológica do Cordeiro que domina o último bloco de ritos que antecede a comunhão. 
A explicação desta frase nasce de outra pergunta feita por Peter Seewald, quando este questionava Ratzinger sobre aqueles que estão impedidos de ter acesso à comunhão. Seewald interpelou o então cardeal deste modo: "O padre pronuncia as palavras: 'Felizes os convidados para a Ceia do Senhor'. Por conseguinte, os outros deveriam sentir-se tristes". Ratzinger responde, mostrando a origem da expressão em Ap 19,9 e o seu conteúdo escatológico: "Infelizmente, a tradução tornou o sentido da frase pouco claro. Essa expressão não se relaciona diretamente com a Eucaristia. É tirada do Apocalipse e refere-se ao convite para o Banquete nupcial definitivo, representado na Eucaristia. Quem, portanto, não pode comungar no momento, não tem de estar excluído do Banquete nupcial eterno. Trata-se sempre de um exame de consciência, de que se pense ser algum dia capaz desse banquete eterno, e que agora também se comungue, para depois encaminhar-se ao banquete. Mesmo quem agora não possa comungar é admoestado através desse apelo, como também todos os outros, a pensar no seu caminho, que um dia será aceito nesse Banquete nupcial eterno. E talvez, porque sofreu, possa ter ainda melhor aceitação". 
O Banquete eterno, do mundo futuro, de que Ratzinger fala aqui, é aquele em que será oferecido o Pão que o Pai-nosso pedia já para hoje. Cada vez que comungamos, participamos por antecipação desta mesa dos salvos. 
Como resposta à proclamação do sacerdote, os que vão comungar dizem: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa, mas dizei uma palavra e a minha alma será salva. Hoje dizemos: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo. 

ASSUNÇÃO, Rudy Albino de. O Sacrifício da Palavra: A liturgia da Missa segundo Bento XVI. São Paulo: Ecclesiae, 2016.

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