quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Origens da idolatria

O homem criado à imagem de Deus


No princípio, o mal não existia; também não existia ainda nos santos, não existia absolutamente entre eles; mas foram os homens que na sequência começaram a imaginá-lo e a representá-lo a si mesmos para sua perda. E é porque eles imaginaram ídolos, considerando as coisas que não existem como se elas existissem. Porque o Deus criador e soberano rei do universo, que subsiste além de toda a essência e de todo o pensamento humano criou na sua bondade e beleza infinitas o gênero humano, segundo a sua própria imagem pelo seu próprio Verbo, nosso Salvador Jesus Cristo. Por sua semelhança com ele, o tornou capaz de contemplar e conhecer os seres, deu-lhe a ideia e conhecimento da sua própria eternidade, a fim de que, conservando a sua integridade, o homem não mais se afaste do pensamento de Deus e não se distancie da comunidade dos santos, mas que, conservando a graça que recebeu do Deus, conservando também o próprio poder que lhe vem do Verbo do Pai, ele viva, na alegria e na intimidade com Deus, uma vida sem inquietude e verdadeiramente feliz, uma vida imortal. Porque, nada havendo que o impeça de conhecer a divindade, sua pureza lhe permite contemplar sem cessar a imagem do Pai, o Verbo de Deus, à imagem do qual ele foi feito; e ele está repleto de admiração considerando a sua providência com relação ao universo. Ele se eleva acima das coisas sensíveis e de toda a representação corporal, e se une, pelo poder do seu espírito, às realidades divinas e inteligíveis que estão nos céus. Quando então o espírito humano não tem comércio com os corpos e não recebe de fora mistura alguma das paixões corporais, mas está totalmente no alto, vivendo com ele, ultrapassa as coisas sensíveis e todas as realidades humanas para viver lá no alto nos céus, e vendo o Verbo, ele vê também o Pai Verbo; esta contemplação o alegra e o renova no desejo que o leva até ele. 

ATANÁSIO, Santo. Contra os pagãos: A encarnação do Verbo, apologia ao imperador Constâncio.... 2. ed. São Paulo: Paulus, 2010.

Um comentário:

  1. A natureza humana deseja em seu âmago, a santidade, que é o relacionamento constante e união com O Pai, através do Filho, que O revela ateavés do Espírito Santo. Deus nos concebe a alma, no ato da concepção, apesar do pecado original, na pureza de Seu Amor, mas o contato através da vida, com as coisas temporais e o assédio implacável do maligno, fazem com que nós vacilemos no uso do Livre Harbítreo, e uma vez escolhendo o caminho errado, experimenta-se os prazeres embriagantes da carne, e difícil é o "caminhar de volta". E até mesmo impossível seria o retorno, se não fosse "A Força do Alto", O Paráclito, que pelos Méritos do Santíssimo Sacrifício do Senhor, nos foi concedido, para que nos voltando para Ele, e reconhecendo as nossas misérias, pelo mesmo Amor, nos é concedido. Sem esta "Força", O Santo Espírito, que age pela Graça do Pai e do Filho em nós, ao homem não seria possível vencer as "idolatrias" deste mundo, tão dilacerado pelo seu decaído príncipe, que dede o princípio já foi derrotado!
    Graça e Paz!

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