quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Como refletir a respeito da existência de Deus

Razão para crer em Deus? 

Temos algum motivo para crer que Deus existe? Pode-se aduzir motivos para nossa crença em Deus? Estas são perguntas que não podem ser respondidas sem ampla reflexão. 
Filósofos tentaram respondê-las desde a Grécia Antiga. De Platão a Aristóteles até o século atual, todo filósofo de relevo tentou dar a sua contribuição ao tema - sem argumentar contra ou a favor da razoabilidade da crença de que realmente exista um ser que corresponda à nossa noção de Deus. E, em nosso século, cientistas eminentes, até o final de suas vidas, também deram palpites sobre o assunto. 
No que diz respeito ao pensamento, vê-se que não se trata de uma questão simples. Na verdade, é um dos problemas mais difíceis de se considerar clara e convincentemente. Passei mais de cinquenta anos de minha vida filosófica pensando sobre como pensar a respeito de Deus; e agora, caminhando para o fim dela, sinto que finalmente encontrei o modo de conceber uma solução que torna a crença na existência de Deus algo aceitável - pelo menos mais do que uma dúvida racional. 
Desde o tempo em que eu estudava na Columbia University em 1921, quando li pela primeira vez o "Tratado de Deus" na Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino, tenho nutrido uma fascinação pelos argumentos a respeito da existência de Deus. Para quem gosta de reflexão, os dois maiores temas que colocam a mente para trabalhar são física matemática e teologia especulativa. Além disso, em nosso século, os avanços na física e na cosmologia nos ajudam a refletir sobre Deus. Se a mente humana pode inferir a existência de coisas físicas tão imperceptíveis e até mesmo indetectáveis como buracos negros, talvez possa chegar um pouco mais longe e inferir a existência de um ser que está além de toda a realidade física. 
O longo de cinquenta anos tenho examinado minunciosamente os argumentos sobre a existência de Deus, lendo e relendo os livros de grandes filósofos e teólogos. Mas, em casa estágio de meu próprio desenvolvimento intelectual, encontrei falhas graves no que refleti previamente. Aula após aula, instruí de modo equivocado estudantes universitários, e, em vários estágios de minha carreira, tentei persuadi-los de que este ou aquele argumento solucionava a questão, apenas para descobrir mais tarde que tais argumentos eram falhos e não poderiam ser sustentados. 

ADLER, Mortimer J.. Como provar que Deus existe. Campinas: Vide Editorial, 2013.

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