terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Os pilares da fé islâmica

O centro da fé muçulmana é a confissão que todo crente deve fazer, chamada de Shahada: "Não há outro Deus para além de Allah e Muhammad é o seu mensageiro". Os verdadeiros muçulmanos são "aqueles que creem em Deus e em Seu mensageiro e não duvidam, e se sacrificam pela causa de Deus com seus bens e suas vidas. Estes são os verdadeiros", em poucas palavras, são aqueles que praticam o Islã, ou seja, os que se submetem à Vontade de Deus, contida no Corão e transmitida pelo Profeta. 
Os muçulmanos veem Maomé como escolhido por Deus, que viveu integralmente o Corão, motivo pelo qual podem basear seu comportamento no exemplo do Profeta. E uma vez que Maomé sabia o que Deus queria em cada ocasião, obedecer a Maomé é obedecer a Deus e desobedecer-lhe é desobedecer a Deus. 
A Sunnah é outro livro de referência para o Islã, pois nele estão registrados os ditos e feitos de Maomé, conforme testemunho de seus companheiros. A Sunnah traz diretrizes específicas para a vivência dos princípios mais gerais do Alcorão. Serve como guia e orientação. 
Existem na prática de fé muçulmana cinco pilares que sustentam e dão ritmo à vida dos fiéis: 
a) Professar e aceitar o credo (Chahada ou Shahada); 
b) Orar cinco vezes ao longo do dia (Salá, Salat ou Salah); 
c) Pagar dádivas rituais (Zakat ou Zakah); ;
d) Observar as obrigações do Ramadam (Saum ou Siyam); 
e) Fazer a peregrinação a Meca (Hajj ou Haj). 

BETTENCOURT, Estêvão Tavares. Crenças, religiões, igrejas, seitas. Quem são? Rio de Janeiro: Editora Santo Antonio. 2012.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

São Máximo, o Confessor

Hoje gostaria de apresentar a figura de um dos grandes Padres da Igreja do Oriente do tempo tardio. Trata-se de um monge, São Máximo, que da tradição cristã mereceu o título de Confessor, pela intrépida coragem com que soube testemunhar "confessar" também com o sofrimento, a integridade da sua fé em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Salvador do mundo. Máximo nasceu na Palestina, a terra do Senhor, por volta de 580. Desde jovem foi iniciado na vida monástica e no estudo das Escrituras, também através das obras de Orígenes, o grande mestre que já no século III conseguira "fixar" a tradição exegética alexandrina. 
De Jerusalém, Máximo transferiu-se para Constantinopla, e dali, por causa das invasões bárbaras, refugiou-se na África. Aí, distinguiu-se com extrema coragem na defesa da ortodoxia. Máximo não aceitava qualquer diminuição da humanidade de Cristo. Nascera a teoria segundo a qual em Cristo haveria somente uma vontade, a divina. Para defender a unicidade da sua pessoa, negavam que nele existisse uma verdadeira vontade humana. E, à primeira vista, poderia até parecer uma coisa positiva, que em Cristo houvesse uma única vontade. Mas São Máximo compreendeu imediatamente que isto destruiria o mistério da salvação, porque uma humanidade sem vontade, um homem sem vontade não é um homem verdadeiro, é um homem incompleto. Portanto, o homem Jesus Cristo não seria um verdadeiro homem, não teria vivido o drama do ser humano, que consiste precisamente na dificuldade de conformar a sua vontade com a verdade do ser. E assim, São Máximo afirma com grande decisão: a Sagrada Escritura não nos mostra um homem incompleto, sem vontade, mas um homem verdadeiramente completo: em Jesus Cristo, Deus assumiu realmente a totalidade do ser humano obviamente, exceto o pecado e, portanto, também uma vontade humana.  

BENTO XVI. Os Padres da Igreja II. De São Leão Magno a São Bernardo de Claraval. São Paulo: Ecclesiae: 2013

domingo, 29 de janeiro de 2017

Oração a São Pio de Pietrelcina

Ó glorioso São Pio de Pietrelcina, Vós que sois o Santo deste novo milênio, Vós que sois meu amigo, Consolador da minha alma, auxílio de mim que sou pecador, que pelo Vosso sofrimento compreende bem todos os meus sofrimentos. 
A vós me consagro e aos que me são caros.
 A Vós confio meu espírito, para que o torneis capaz de suportar todas as tribulações que tenho no coração. A Vós confio a súplica de apresentar minha alma a Nossa Senhora das Graças, para que eu possa obter de Deus a eterna salvação.
 A Vós confio meu pedido de intercessão para que eu obtenha da divina bondade a graça de..., que ardentemente desejo. 
Acolhe-me sob a Vossa proteção.
 Defendei-me dos ataques do maligno.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre. Amém. 

GUERRA, Anderson Pe. Orações de cura e libertação. Rio de Janeiro; Petra. 2015.

sábado, 28 de janeiro de 2017

A vida da graça e o valor da primeira conversão

"Em verdade, em verdade vos digo: Quem crê em mim tem a vida eterna" (Jo 6, 47). 

A vida interior é para cada um de nós o único necessário. Ela deveria desenvolver-se constantemente em nossa alma, muito mais do que aquilo que chamamos de vida intelectual, científica, artística ou literária. Ela é a vida profunda da alma, do homem inteiro e não apenas de uma ou outra de suas faculdades. A própria intelectualidade ganharia muito se, em lugar de querer suplantar a espiritualidade, reconhecesse sua necessidade, sua grandeza e se beneficiasse da sua influência, que é a das virtudes teologais e dos dons do Espírito Santo. 
Como é grave e profundo este assunto, que é expresso por estas duas palavras: Intelectualidade e Espiritualidade! Também é bastante evidente que sem uma vida interior não há como manter-se uma influência social verdadeiramente profunda e durável. 

LAGRANGE, Garrigou. As 3 vias e as três conversões. Niterói: Permanência. 2011

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Fracasso causado pelo vício

Frequentemente o vício é um substituto da mãe. O viciado não quer se tornar adulto, quer permanecer sempre na segurança do colo materno. Por isso nem começa a lutar, a procurar trabalho, ou desiste logo. Chega, então, o dia em que é tarde demais. Ele tem de confessar que nunca viveu, que se tornou incapaz de assumir as rédeas da própria vida. Se não se submeter a um tratamento, continuará sendo para sempre um fracassado. Frequentemente lidamos com homens na casa dos 30 anos que ainda estudam e nunca trabalharam. Vivem com a mãe e a exploram. São sustentados por ela, brincam com sua compaixão. Uma mãe contou que dessa forma seu filho explorou e consumiu todas as economias que ela havia feito. Agora tudo foi por água abaixo. O dinheiro não serviu de ajuda para o filho, pois as necessidades dele não têm limites, e a mãe está quebrada. 
Não tem mais forças nem meios para cuidar da própria vida. O filho fracassou porque não teve coragem de andar com as próprias pernas. Um dia, então, é tarde demais para ele. Fracassou porque nunca viveu. 
Uma pessoa pode vir a fracassar também pelo vício no trabalho. Ela pensa que está trabalhando unicamente para a família, mas de fato tem necessidade do trabalho para fugir à própria realidade. Um dia, então, essa pessoa se vê diante do colapso físico ou psíquico, ou então diante do colapso da família. O trabalho não é reconhecido por esta. Ela sente que essa pessoa se esconde atrás do trabalho, que tem necessidade dele, que suas alegações de que trabalha pela família não correspondem à realidade. E assim a pessoa é cada vez mais rejeitada. Por fim ela se encontra sozinha, sem a família pela qual supostamente trabalhara com tanta dedicação. 

GRÜN, ANSELM. A chance de recomeçar. São Paulo: Verus Editora. 2007

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A purificação da vanglória e do orgulho

A humildade é o rosto sob o qual nos aparece o conhecimento de Deus, conseguido na oração e no amor. Conhecimento da glória de Deus que resplandeceu sobre a face de Cristo (ver 2Cor 4,6). Nossa humildade é o próprio rosto de Cristo inscrito no nosso coração pelo seu Espírito. Por isso ela não pode ser conhecida; de fato, é um grande mistério. O único remédio para nosso orgulho egocêntrico é o Amor de Cristo em nós. Olhemos Cristo para ser, como ele, "manso e humilde de coração". Os Padres gostavam de opor Cristo a Satanás, a humildade (ver Fl 2, 5-11) ao orgulho (ver Is 14,14) ou, para dizer como Agostinho, "o amor de Deus levado até o desprezo de si" e "o amor de si levado até o desprezo de Deus". 
A humildade é o adorno da divindade. Dela se vestiu o Verbo feito carne, através do corpo do qual ela se tornou nossa. Quem se revestir realmente dela assemelha-se àquele que desceu de seu esplendor cobrindo a sua glória de humildade, a fim de que a criação não fosse consumida por sua vista manifesta demais. 
Jesus Cristo é um Deus do qual nos aproximamos sem orgulho, e sob o qual nos abaixamos sem desespero. 
O conhecimento de Deus sem o conhecimento da miséria leva ao orgulho. O conhecimento da miséria sem o conhecimento de Deus leva ao desespero. O conhecimento de Jesus Cristo leva ao meio, porque aí encontramos tanto Deus como nossa miséria. 

O Discernimento dos Espíritos. São Paulo: Paulinas. 2011

* o livro foi escrito por um monge da Ordem dos Cartuxos que preferiu permanecer no anonimato. 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O Estigma

Foram bem tristes os primeiros meses de 1918. A guerra e a gripe "espanhola" haviam matado muitos da população e do convento. Não posso deixar de lembrar, dentre as vítimas daquela epidemia, dois dos três videntes de Fátima, Francisco e Jacinta. O convento de Santa Maria delle Grazie foi reduzido a três freis: padre Paolino, o superior; frei Nicola, um frei pedinte; Padre Pio que apenas pegou a "espanhola", graças ao Céu, de modo rápido, mas ficou de cama de 5 a 17 de setembro. Esse era o pequeno grupo conventual. 
Na manhã de sexta-feira, 20 de setembro, Festa dos Estigmas de São Francisco, depois da Missa, Padre Pio rezou tudo sozinho, no coro. Quase sem perceber, viu-se tomado por uma doce sono, acompanhado por uma completa sensação de paz. De improviso, ele se dirigiu àquele crucifixo que estava diante de si e que sempre esteve firme, no balaustre do coro. 
Mas naquele momento, o crucifixo assumiu o semblante daquele personagem celeste que em 5 de agosto lhe havia traspassado o coração. Com uma diferença, desta vez o personagem tirou sangue abundante das mãos, dos pés e do coração, de repente, desapareceu. 
Padre Pio, que ficou bastante assustado com aquela visão, sentiu-se ferido naquelas mesmas partes: nas mãos, nos pés e no coração; sentiu-se traspassado e não parava de sangrar.
Foi engatinhando até a cela, onde tratou de enfaixar os lugares feridos.
Escreveu sem seu diário espiritual os sentimentos que havia provado e que continuava experimentando: dor, crítica, humilhação, confusão. Não tinha paz; não sabia como comportar-se com os irmãos, com os outros. Invocou, suplicando ao Senhor com todas as suas forças:
- "Permita-me a dor, aumenta-a se o Senhor quiser, mas livra-me das marcas visíveis. Dá-me a graça de que não sejam vistas!" 

AMORTH, Gabriele. Padre Pio - breve história de um santo. São Paulo: Palavra e Prece. 2010.

Ps.: postagem dedicada aos amigos Germano e Manuela Martinez. 

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Homeschooling Católico - Um guia para os pais

Desde cedo escuto que o problema central no Brasil reside na educação. Trata-se de uma questão ampla que, não raras vezes, quer significar tão somente a educação dada ou recebida nas escolas. Incluso no conceito amplo de educação está certamente o modo como alguém se porta diante das situações da sociedade. Creio que este segundo ponto se trate de um falso problema. 
Não é necessário muito tino para entender que o modo como alguém se porta em suas relações com outrem é derivado necessariamente do como como foi educado. A meu ver, educação não é um conceito restrito a escolas ou à escolarização, como defendem alguns políticos. 
Do ponto de vista cristão, a educação que não leva o educando a formar-se e a desabrochar todas as suas potencialidades intelectuais e religiosas não é digna desse nome. 
Como pode se constatar na história bimilenar da Igreja, bem cedo a temática da educação integral foi uma constante. Os velhos métodos das antigas academias, com seus modos rudes de ensinamento naturalista, contrastavam com a autêntica vivência cristã. Ato contínuo vimos milhares de homens e mulheres povoarem os desertos em busca de mestres na vida espiritual e intelectual, em uma espécie de fuga ao debate com os pagãos, naturalistas e demais gentios. Um aprofundamento da leitura do Novo Testamento levou alguns cristãos formados nas escolas antigas a buscar a confrontação, pois perceberam que eram as cidades o centro das disputas, a ali, portanto, Cristo também devia imperar com sua nova lei. 

CLARK, Mary Kay. Homeschooling Católico. Um guia para os pais. São Paulo: Concreta. 2016

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Como os monges salvaram a civilização

Os monges desempenharam um papel crucial no desenvolvimento da civilização ocidental. A julgar pelas práticas de ascese a que se dedicavam, dificilmente se poderia imaginar o enorme impacto que viriam a provocar no mundo exterior. Mas esse fato histórico surpreende  menos quando nos lembramos das palavras de Cristo: Procurai primeiro o reino dos céus e tudo o mais vos será dado por acréscimo. Essa é, em poucas palavras, a história dos monges. 
As formas mais antigas da vida monástica surgem já no século III. Encontramo-las em São Paulo de Tebas e nos mais popularmente Santo Antão do Egito (também conhecido como Santo Antão do deserto), que viveu entre os meados do século III e os do IV, e se fez eremita, retirando-se para os desertos do Egito em busca da sua perfeição espiritual pessoal; o que não impediu que o seu grande exemplo tivesse levado milhares a juntar-se a ele. 
A vida dos eremitas tinha por característica que se retiravam para um lugar remoto e solitário, a fim de poderem renunciar às coisas mundanas e concentra-se intensamente na sua vida espiritual. Viviam sozinhos ou em grupos de dois ou três, habitavam em cavernas ou em cabanas simples, e sustentavam-se com o que pudessem produzir nos seus pequenos campos ou com trabalhos como o fabrico manual de cestos. A ausência de uma autoridade que dirigisse o seu regime espiritual levou alguns deles a observar práticas espirituais e penitenciais pouco comuns. De acordo com Philip Hughes, um competente historiador da Igreja, "havia eremitas que mal comiam ou dormiam, e outros que permaneciam imóveis por semanas a fio ou se fechavam em tumbas e lá permaneciam durante anos, recebendo apenas um mínimo de comida através de fendas na parede". 

JR, Thomas E. Woods. Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental. São Paulo: Quadrante. 2010

domingo, 22 de janeiro de 2017

A relação pessoal do cristão com Jesus Cristo

O processo de formação do discípulo de Jesus Cristo é marcado pela oferta que a Igreja lhe faz do Pão da Palavra e do Pão da Eucaristia. "Cada domingo e cada Eucaristia é um encontro pessoal com Cristo". Quando o discípulo ouve a Palavra na assembleia litúrgica, escuta o próprio Senhor que a proclama e a explica. Da mesma forma, quando recebe a Eucaristia, recebe o próprio Senhor de modo pessoal. Exatamente por essa realidade, a "Eucaristia é o alimento indispensável para a vida do discípulo e missionária de Cristo". 
Tendo em vista esse caminho, o Pontífice destacou o papel da Missa Dominical como centro da vida cristã e a necessidade de dar prioridade a ela e valorizá-la. Ao longo da vida eclesial, o domingo sempre significou "o momento privilegiado do encontro das comunidades com o Senhor ressuscitado". 
Por isso, urge que os cristãos tomem consciência de que não estão seguindo um personagem do passado, mas o Cristo vivo, presente no hoje e no agora de nossas vidas. Com isso, o encontro com Cristo na Eucaristia suscitará o compromisso da evangelização e o impulso à solidariedade; despertando o forte desejo de anunciar o Evangelho e testemunhá-lo no seio da sociedade hodierna".

FONTES, Douglas Alves. A relação pessoal do cristão com Jesus Cristo. Rio Bonito: Cenáculo Universal, 2016. 

sábado, 21 de janeiro de 2017

A verdadeira e a falsa reforma

Difundiu-se hoje em toda parte, inclusive em altos níveis eclesiásticos, a ideia que uma pessoa é mais cristã quando está envolvida em muitas atividades eclesiais. Incentiva-se uma espécie de terapia eclesiástica da atividade e do esforço. Procuram colocar todos em uma comissão ou pelo menos alguma função da Igreja. Deve sempre haver uma atividade eclesial, deve-se sempre falar da Igreja ou fazer alguma coisa por ela ou nela. Mas um espelho que reflete só a si mesmo não é mais um espelho; uma janela que em vez de permitir um olhar livre para o horizonte se coloca como obstáculo entre o observador e o mundo não tem sentido. 
Uma pessoa pode exercer ininterruptamente atividades nas associações eclesiais e não ser um cristão. Pode acontecer que outra pessoa viva simplesmente da Palavra e do Sacramento e pratique o amor que vem da fé em jamais ter participado de comissões eclesiásticas, sem ter se envolvido com as novidades da política eclesiástica, sem ter participado de sínodos e sem ter votado neles, e é um verdadeiro cristão. Nós não precisamos de uma Igreja mais humana; precisamos de uma Igreja mais divina. Só assim ela será também verdadeiramente humana. Por isso, tudo o que é feito pelo homem dentro da Igreja deve ser considerado puramente como serviço e se retirar diante daquilo que é essencial.  

RATZINGER, Joseph (Bento XVI). Ser cristão na era neopagã - vol. 1: Discursos e Homilias (1986-1999) / Cardeal Ratzinger (Bento XVI). Organização, apresentação e notas de Rudy Albino de Assunção. Campinas: Ecclesiae, 2014. 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

A humildade como verdade e como serviço em São Francisco de Assis


Escutemos um episódio da vida de Francisco de Assis na encantada língua de Fioretis: 

Um dia, Francisco retornando da floresta e da oração, e ao sair da floresta, o referido frei Masseo queria provar como ele era humilde, e se fez encontrar, e quase proverbiando: "Por que a ti, por que a ti, por que a ti?"Disse Frei Masseo: "Digo por que todo mundo vem atrás de ti, e parece que cada pessoa deseja vê-lo, ouvi-lo e obedecê-lo? Você não é um belo homem de corpo, de grande ciência, não é um nobre, em quê o mundo vê em ti e vem atrás de ti?" Ouvindo isto São Francisco, todo alegre em espírito [...], se voltou ao frei Masseo e disse: 
"Quer saber por que a mim? Quer saber por que a mim? Quer saber por que todo o mundo vem atrás de mim? Por isso: que os olhos santíssimos de Deus não tenham visto entre os pecadores nenhum mais vil, nem insuficiente, nem grande pecador do que eu". 

CANTALAMESSA, Raniero. Enamorado de Jesus Cristo. O segredo de Francisco de Assis. Zenit: Roma. 2014. 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

A confusão dentro da Igreja

Mais perigosos para a integridade da fé  do que os que abertamente deixaram a Igreja, como Leonardo Boff ou o grupo de apóstatas Católicas pelo Direito de Decidir, são aqueles clérigos e leigos que cultivam a ambiguidade na maneira de formular a doutrina. São aqueles que evitam referir-se ao claro ensinamento do Magistério como se não existissem para eles, reduzindo a doutrina cristã a uma mensagem de solidariedade ou de crítica social. Considere-se, por exemplo, a rejeição aberta ou, o que é pior, o silêncio sobre a doutrina das encíclicas Humanae Vitae, Veritatis Splendor, Evangelium Vitae, ainda que Bento XVI, na recente Caritas in veritate, confirme que a Humanae Vitae e a Evangelium vitae fazem parte da Doutrina Social da Igreja. 
D. Antonio Cañizares, em 15 de agosto de 2004, enquanto ainda era Arcebispo de Toledo e Primaz da Espanha, dizia: "A Igreja em sua peregrinação ao longo do século XX e início do século XXI passou por muitas tribulações e teve que travar muitas batalhas contra o poder das trevas. Talvez nunca na história foi tão perseguida como neste período. O laicismo reinante, a secularização generalizada do mundo e dentro da própria Igreja, a apostasia silenciosa e a as deserções de muitos cristãos, o enfraquecimento das consciências e a falência moral dos tempos atuais ainda são uma provação muito severa, Está sofrendo neste tempo as mais duras e maiores perseguições". 

SANAHUJA, Juan Claudio. Poder global e religião universal. São Paulo: Ecclesiae. 2012

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Deserto e Tentação

O deserto é um dos grandes temas do monaquismo. Os monges vão conscientemente para o deserto para ali estar a sós consigo mesmos e para procurar a Deus. O deserto era considerado pelos antigos como a morada dos demônios. Antão foi para o deserto na intenção de lutar com os demônios dentro de seu próprio domínio, isto é, dentro de sua própria habitação. A decisão de Antão de instalar-se no domínio dos demônios foi certamente uma decisão bastante heroica, mas foi também um desafio aos demônios na medida em que eles o visitavam e sempre de novo procuravam reconquistar seu próprio domínio e habitação, expulsando-o dali. Antão acreditava que, em empreendendo sua luta contra os demônios, também nos homens do mundo alguma coisa haveria de tornar-se mais transparente e saudável. Pois, se vencesse os demônios, então eles também teriam menos poder sobre os homens do mundo. Neste ponto, Antão, por meio de sua luta com os demônios, torna-se também um representante do mundo. No deserto Antão luta contra os demônios em favor dos homens. Esta é sua contribuição para a melhoria do mundo, pois, tendo-se retirado dele, se põe em luta com os demônios em vista de um mundo mais saudável. Segundo Antão, o deserto é o lugar em que os demônios se apresentam de uma maneira bastante clara, isto é, de uma maneira menos dissimulada. Assim como Jesus fora tentado pelo diabo no deserto ao ser conduzido para lá pelo Espírito  Santo, do mesmo modo os monges que vão para o deserto precisam contar com a luta contra os demônios. O monge é essencialmente um lutador. E os patriarcas sempre são elogiados quando se tornam vencedores na luta. 

GRUN, Anselm. O céu começa em você. Petrópolis: Vozes. 2014

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Tempo de provação

Eu não saberia dizer quantas vezes se cumpriram essas palavras proféticas do Apóstolo. Mas só um cego deixaria de ver como atualmente se vêm verificando quase à letra. Rejeita-se a doutrina dos mandamentos da Lei de Deus e da Igreja, tergiversa-se o conteúdo das bem-aventuranças, dando-lhes um significado político-social, e quem se esforça por ser humilde, manso e limpo de coração, é tratado como um ignorante ou atávico defensor de coisas passadas. Não se suporta o jugo da castigada e inventam mil maneiras de ludibriar os preceitos divinos de Cristo. 
Há um sintoma que os envolve e a todos: a tentativa de desviar os fins sobrenaturais da Igreja. Por justiça, alguns já não entendem a vida de santidade, mas uma luta política determinada, mais ou menos tingida de marxismo, que é inconciliável com a fé cristã. Por libertação, não admitem a batalha pessoal em fugir do pecado, mas uma tarefa humana, que pode ser nobre e justa em si mesma, mas que carece de sentido para o cristão, se implica desvirtuação da única coisa necessária, a salvação eterna das almas, uma a uma. 
Com uma cegueira originada pelo afastamento de Deus - este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim -, fabrica-se uma imagem da Igreja que não tem a menor relação com a que Cristo fundou. Até o Santo Sacramento do Altar - a renovação do Sacrifício do Calvário - é profanado ou reduzido a um mero símbolo daquilo a que chamam a comunhão dos homens entre si. Que seria das almas se Nosso Senhor não tivesse entregado por nós até a última gota do seu precioso Sangue! Como é possível que se despreze esse milagre perpétuo da presença real de Cristo no Sacrário? Ficou para que chegássemos à intimidade com Ele, para que o adorássemos, para que, como penhor da glória futura, nos decidíssemos a seguir seus passos. 
Estes tempos são tempos de provação e temos de pedir ao Senhor, com um clamor que não cesse, que os abrevie, que olhe com misericórdia a sua Igreja e conceda novamente a luz sobrenatural às almas dos pastores e às de todos os fiéis. A Igreja não tem por que empenhar-se em agradar aos homens, visto que os homens - nem sós nem em comunidade - nunca darão a salvação eterna. Quem salva é Deus. 

São Josemaría Escrivá - Amar a Igreja - São Paulo: Quadrante. 2004. 

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Libertação: tema do Cristão

Considerada em si mesma, a aspiração pela libertação não pode deixar de encontrar eco amplo e fraterno no coração e no espírito dos cristãos. 
Assim, em consonância com esta aspiração, nasceu o movimento teológico e pastoral conhecido pelo nome de "teologia da liberação": num primeiro momento nos países da América Latina, marcados pela herança religiosa e cultural do cristianismo; em seguida, nas outras regiões do Terceiro Mundo, nem como em alguns ambientes dos países industrializados. 
A expressão "teologia da libertação" designa primeiramente uma preocupação privilegiada, geradora de compromisso pela justiça, voltada para os pobres e para as vítimas da opressão. A partir desta abordagem podem-se distinguir diversas maneiras, frequentemente inconciliáveis, de conceber a significação cristã da pobreza e o tipo de compromisso pela justiça que ela exige. Como todo movimento de ideias, as "teologias da libertação" englobam posições teológicas diversificadas; suas fronteiras doutrinais são mal definidas. 
A aspiração pela libertação, como o próprio termo indica, refere-se a um tema fundamental do Antigo e do Novo Testamento. Por isso, tomada em si mesma, a expressão "teologia da libertação" é uma expressão perfeitamente válida: designa, neste caso, uma reflexão teológica centrada no tema bíblico da libertação e da liberdade e una urgência de suas incidências práticas. A convergência entre a aspiração pela libertação e as teologias da libertação não é pois fortuita. O significado desta convergência não pode ser compreendido corretamente se não à luz da especificidade da mensagem da Revelação, autenticamente interpretada pelo Magistério da Igreja. 

Aquino, Felipe. Teologia da Libertação. São Paulo: Cléofas. 2011. 

domingo, 15 de janeiro de 2017

Estamos em Guerra - Um alerta

Imagino que você não compraria e, muito menos, leria algumas páginas de um livro com o título Como Vencer a Guerra Cultural, se acreditasse que "Deus está no céu e está tudo bem aqui na Terra". Se você ficou surpreso com a notícia de que a nossa civilização está em crise, este é o momento de dar-lhe boas vindas e dizer que espero que suas agradáveis férias na lua tenham sido boas. 
Muitas pessoas parecem ter as mentes no mundo da lua, especialmente as dos chamados intelectuais, que em tese deviam ter olhos mais abertos, e mais mais fechados. A maioria deles são pessoas "mornas" guiando outros "mornos". Depois de uma vida na universidade, descobri que há apenas um requisito para que alguém acredite de verdade em qualquer uma das cem ideias mais absurdas que a mente humana pode conceber: ser um intelectual. Algumas ideias são tão ridículas que só um Ph.D. poderia acreditar nelas. 
Por exemplo, peguemos a revista Time. Um artigo de capa da Time de alguns anos atrás era sobre a questão: Por que tudo está melhorando? Por que a vida nos Estados Unidos de hoje é tão boa? Por que todos se sentem tão otimistas e satisfeitos com a qualidade de vida? Os autores nunca chegaram a questionar a hipótese; simplesmente se perguntaram por quê. 
Aconteceu que, ao ler o artigo, absolutamente todos os aspectos da vida mencionados, todos os motivos de tudo estar ficando cada vez melhor, eram econômicos. As pessoas têm mais dinheiro. Ponto final. Fim da discussão. 
Tirando os pobres, é claro. Mas eles não contam, porque não escrevem a revista Time. Eles nem sequer a leem. 
Eu tenho a teoria sobre a Time: é apenas uma revista Playboy com roupas. Para a Playboy o mundo é simplesmente um grande prostíbulo; para a Time, é um grande porquinho de guardar moedas. Para ambas, as coisas não param de melhorar. 
É por isso que os americanos deram uma aprovação de setenta e cinco por cento a Bill Clinton, a combinação perfeita de dois tipos de atitude. Ele se manteve feliz com algumas grandes prostitutas, e nos manteve felizes com alguns grandes porquinhos. Nós o amamos pelo mesmo motivo que os alemães amaram Hitler quando o elegeram: "É a economia, idiota". 
Hitler lhes deu auto-estradas, Volkswagens, empregos e casas. De fato, Hitler forjou o maior milagre econômico do século XX: da ruína militar e econômica ao pleno emprego e ao orgulho patriótico em poucos anos. O que mais importa desde que o imperador lhes dê pão e circo? As pessoas são porcos e não santos; elas amam lavagem e não santidade, certo? Ou errado? 

Kreeft, Peter. Como vencer a guerra cultural. São Paulo: Ecclesiae. 2011

sábado, 14 de janeiro de 2017

É a imagem viva de Deus

Maria é chamada por Santo Agostinho, e é-o efetivamente, Forma Dei, imagem viva de Deus; isto quer significar que somente n´Ela foi formado Deus como homem perfeito, sem faltar-Lhe qualquer traço da divindade; e também que só n´Ela pode o homem ser transformado em Deus - tanto quanto a natureza humana o permita-, pela graça de Jesus Cristo. 
Um escultor pode reproduzir ao natural uma estátua ou um retrato de duas maneiras: aplicando todo o seu talento na matéria dura e informe, usando de toda a força, de toda a ciência e perfeição das suas ferramentas para reproduzir a estátua; ou então, metendo-a simplesmente num molde. 
O primeiro método é demorado, é difícil e está sujeito a diversos inconvenientes: por vezes bastará uma pancada de cinzel ou uma martelada mal dada para estragar toda a obra. 
O segundo, ao contrário, é rápido, suave e delicado, quase sem despesa nem fadiga, desde que o molde seja perfeito e que reproduza com exatidão, e desde que a matéria utilizada seja maleável e não oponha resistência ao seu manejo. 
É Maria o maravilho molde de Deus, criado pelo Espírito Santo para formar em perfeição um Homem-Deus através da união hipostática (união das duas naturezas), e para tornar o homem participante da natureza divina mediante a graça. Maria é esse molde a que não falta o mais leve traço da divindade: quem for metido nele e se deixar plasmar por ele, adquire todos os traços de Jesus Cristo, verdadeiro Deus, e isso de forma suave e em consonância com a fragilidade humana, sem tantos sacrifícios nem fadigas; e ainda de forma segura, sem medo de ilusões, já que o demônio não teve e nunca virá a ter qualquer acesso a Maria; finalmente e ainda de maneira santa e imaculada, sem a mais leve sombra de pecado. 

Montfort, São Luís. O Segredo de Maria. São Paulo: Cléofas. 2012. 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

As potências da Alma

Tecnicamente falando, o homem é um animal racional. Tem em comum com os animais irracionais a capacidade sensitiva e o apetite dos sentidos, e, ao mesmo tempo, tem em comum com os anjos a inteligência e a vontade. 
Em estado de graça, torna-se participante da natureza divina e é enriquecido com o poder de conhecer e amar a Deus pela fé, esperança e caridade. Todo o seu conhecimento natural depende do trabalho dos seus cinco sentidos externos. Tem, no entanto, sentidos internos, dois dos quais, a imaginação e a memória, nos interessam aqui. Por meio dessas faculdades, pode recordar e reproduzir na mente as imagens obtidas pelos sentidos externos, formando uma espécie de quadro falante. Pode mesmo reconstruir quadros novos - chamados "fantasias" - com o material fornecido pela experiência anterior. 
Além destas faculdades de conhecimento sensível, há também a importantíssima faculdade do desejo sensível, chamada apetite sensível, a qual deseja qualquer objeto bom ou atrativo que os sentidos apresentem ao sujeito, quer de forma real, quer na imaginação. Esta faculdade é automática, isto é, atua imediatamente logo que o objeto lhe é apresentado, e a sua ação é, muitas vezes, acompanhada por aquilo a que os filósofos chamam uma paixão, a qual produz um certo efeito corporal. Podemos ver atuar este apetite - a palavra tem aqui um sentido muito mais vasto do que na linguagem corrente, porque engloba todos os impulsos em direção ao bem desejado, despertados por qualquer dos sentidos - nos nossos momentos de ira, por exemplo, ou no desejo dos alimentos proibidos nos dias de abstinência. Diga-se de passagem que, por ser automático e estar, portanto, fora do controle da vontade, esse desejo não pode ser nunca um pecado em si mesmo. Se isso fosse claramente entendido, evitar-se-ia muita preocupação sobre um suposto consentimento a maus pensamentos, ou à ira, ou similares. 

Boylan, Eugene. As dificuldades da Oração. São Paulo: Cultor de Livros. 2012. 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

A intolerância com a fraqueza alheia é sinal de que o amor já fez as malas e partiu

A tarde era triste. A cidade estava imersa em sombras. Por ser Páscoa, Jerusalém estava repleta de pessoas. Algumas pareciam indignadas. Choravam, gritavam publicamente palavras de defesa, ofereciam voz ao desconsolo de suas almas indignadas. É certo que viram de perto os milagres, ouviram e acreditaram nas palavras do Condenado. É impossível não sofrer a dor dos que amamos. É um limite cruel, ver sofrer os que consideramos parte de nós. 
Outras eram indiferentes. Certamente pertenciam ao grupo dos que não tiveram a graça de conhecê-Lo, de sentir a profundidade desconcertante de Seu olhar misericordioso. Não puderam ouvir Suas convicções, Sua forma tão particular de compreender questões humanas e divinas, tampouco tiveram a sorte de que suas vidas fossem modificadas por Ele. 
Havia também as pessoas que O conheceram, que estiveram com Ele e que faziam questão de pedir a Sua morte. A crueldade é um fato comum na vida humana. Ao gritar uma sentença de condenação ao outro, de alguma forma tentamos ocultar os motivos pelos quais também deveríamos ser condenados. 
Rejeitamos nos outros o que não suportamos em nós. A regra não justifica, mas ajuda-nos a compreender os mecanismos de nossas crueldade. 

Melo, Fábio de. O discípulo da Madrugada. São Paulo: Planeta. 2014. 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Os santos, modelos evangélicos a serem imitados

Os santos, cada qual a seu modo, viveram o mistério de Cristo, revelando assim uma faceta do Evangelho. 
Podemos dizer que existem três Evangelhos: o Evangelho escrito, segundo os quatro evangelistas; o Evangelho vivido, os santos canonizados ou não; e o Evangelho vivo, os cristãos de hoje e, especialmente, os religiosos e religiosas, tornando presentes os vários carismas dos seus fundadores. 
Os santos constituem o Evangelho vivido. Comemorando os santos, a Igreja evoca e assim torna presente a respectiva faceta do Evangelho vivida pelo santo. Pela comemoração dos santos, a Igreja assume a própria vocação evangélica, ou seja, a faceta do mistério de Cristo revelada pelo santo, que vai se realizando em sua própria caminhada. 
Os santos, primeiramente, apresentam uma mensagem geral: anunciam o Evangelho, o mistério pascal, Jesus Cristo. Eles os revelam e conduzem a eles. 
Depois, temos uma mensagem comum a certas categorias ou grupos de santos. Entre os santos, temos alguns que não se enquadram  em determinado grupo. Excepcionalmente rica é a mensagem de São João Batista, ao mesmo tempo profeta, precursor, penitente, batista e mártir. Para se chegar a Cristo, o cristão necessariamente deverá passar por ele. São José é outra figura de destaque dentro do mistério de Cristo. José está presente e atua, silenciosamente acolhendo, defendendo, ensinando, conduzindo os passos onde o Cristo nasce, dá os seus primeiros passos e cresce em idade e graça. Santa Maria, Nossa Senhora, Mãe de Jesus Cristo e Mãe da Igreja, naturalmente ocupa um lugar todo especial.

BECKHAUSER, Alberto. Os santos na liturgia. Testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes. 2013

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Por que oferecer a Missa?

É importante que estejamos convencidos da necessidade do Sacrifício Eucarístico. De fato, esta é a virtude da religião no seu âmago e no seu ponto mais elevado. 
Deus nos criou. Ele nos preserva na existência. Nele vivemos, movemos e existimos. Sua Providência governa tudo o que Ele criou. Ele toma conta da cada um de nós individualmente e nos conhece pelo nome. Como suas criaturas dotadas de inteligência e vontade, devemos a Ele adoração, louvor e ação de graças. Porque somos pecadores, alguns mais do que outros, devemos nos voltar a Ele com atos de expiação e reparação. E por que tudo o que necessitamos na ordem espiritual e temporal vem dele, fazemos oração de petição. 
Quem faz isso pratica a virtude da religião. 
E o sacrifício da Missa é oferecido precisamente por estas razões: adoração e louvor, ação de graças, reparação e súplica, nesta ordem de prioridade. O Sacrifício Eucarístico é, portanto, o centro da virtude religiosa. 
É importante apreciar a dimensão vertical da missa. 
Este ato de louvor é primeiramente direcionado a Deus para adorá-lo, louvá-lo, e agradecê-lo. Deus é maior e mais supremo e transcendente do que podemos imaginar. Devemos a Ele o afável tributo da adoração. Pelo Sacrifício Eucarístico, também louvamos e agradecemos a Deus por sua obra da criação, por ter nos amado tanto que enviou seu único Filho gerado para nossa salvação, e para nos santificar por meio do Seu Santo Espírito. 

ARINZE, Francis. Celebrando a Santa Eucaristia. São Paulo: Ecclesiae. 2014


segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Martinho Lutero e o chamado à Revolta

Reforma é o nome que damos à grande revolução  religiosa do século XVI que destruiu a unidade da cristandade medieval, criou uma nova Europa de Estados soberanos e Igrejas separadas, e perdurou, com pequenas mudanças, até a Revolução Francesa. A catástrofe religiosa estava implícita na evolução gradual da Baixa Idade Média. Surgiu porque a existência de uma sociedade internacional unificada sob autoridade e liderança da Igreja era inconsistente com a nova ordem temporal, como expressa pelos Estados e monarquias nacionais. O conflito inevitável entre Igreja e Estado só poderia levar à desordem. Em particular, a posição anômala do bispo como um funcionário importante em ambas as sociedades levou à secularização da Igreja e ao acúmulo de abusos que nem a Igreja ou o Estado eram capazes de remediar, em decorrência da confusão de pessoas e jurisdições. 
O sistema hierárquico da igreja medieval sucumbira, e ninguém era forte ou corajoso o bastante para implementar as drásticas reformas necessárias. Todos estavam de acordo, na teoria, a respeito dos principais males: primeiro, o pluralismo ou acúmulo de benefícios eclesiásticos nas mãos de um único homem e, como resultado direto, a ausência de domicílio; segundo, a simonia ou a dependência de nomeações eclesiásticas e privilégios espirituais sobre a moeda; terceiro, a negligência da regra canônica para visitas episcopais e sínodos diocesanos; e, em quarto lugar, o baixo nível de instrução do clero e a ignorância religiosa do laicato. 

DAWSON, Christopher. A Divisão da Cristandade: Da Reforma Protestante à Era do Iluminismo. São Paulo: É Realizações, 2014.

domingo, 8 de janeiro de 2017

O Corpo de Cristo

Mais do que uma Instituição humana e jurídica, a Igreja é um "Mistério"; é um complexo humano-divino. Assim como Jesus é homem e Deus, perfeitamente, a sua Igreja assemelha-se a Ele e é também humana e divina. Aí está o Mistério, que jamais poderemos compreender perfeitamente nesta vida. Mas é real. 
O Capítulo I da Lumen Gentium (A Luz dos Povos), a Constituição Dogmática do Concílio Vaticano II sobre a Igreja, trata desse Mistério. Começa dizendo que: 
"A Igreja é em Cristo como que o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano[...]" (LG 1). 
Ensina-nos esse santo Concílio que Deus não quis salvar a humanidade, dispersa pelo pecado, individualmente; mas quis "congregar na Santa Igreja os que creem em Cristo" (LG 2). 
É pelo Corpo de Cristo, a Igreja, que Deus Pai decretou salvar a humanidade. Cada batizado passa a ser membro desse Corpo, e assim, Deus vai novamente reunindo a família humana que o pecado dispersou. São Paulo, na Carta aos Coríntios, explica bem essa realidade: 
"Porque, como o corpo é um todo tendo muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo. Em um só Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo [...] Ora, vós sois o corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um dos seus membros" (1 Cor 12,27). 
Essa é uma maravilhosa realidade: somos o Corpo de Cristo. É formando esse Corpo místico (misterioso), humano-divino, que o Pai decidiu trazer de novo a família humana para o seu convívio, a fim de podermos participar, novamente, da sua vida bem-aventurada. 

 AQUINO, Felipe. A Minha Igreja. Missão e Identidade. São Paulo: Cléofas, 2013.

sábado, 7 de janeiro de 2017

Três filosofias de vida

No fim das contas, há somente três filosofias de vida, e cada uma é representada por um dos seguintes livros da Bíblia: 
1 - A vida como vaidade: Eclesiastes;
2 - A vida como sofrimento: Jó;
3 - A vida como amor: Cântico dos Cânticos. 
Jamais se escreveram livros mais profundos sobre qualquer uma dessas filosofias de vida. O Eclesiastes é o clássico imortal da vaidade. Jó é o clássico imortal do sofrimento. E o Cântico dos Cânticos é o clássico imortal do amor. 
O motivo de essas serem as três únicas filosofias de vida possíveis é que representam as três condições ou lugares exclusivos nos quais podemos estar. A "vaidade" do Eclesiastes representa o Inferno. Os sofrimentos de Jó representam os do Purgatório. E o amor do Cântico dos Cânticos representa o Céu. Todas as três condições começam aqui e agora na terra. Como dizia C.S. Lewis, "tudo que parece terreno é o início do Céu ou do Inferno". Uma frase arrasadora, a que Lewis acrescentou: "Senhor, não abra meus frágeis olhos para isso com demasiada frequência". 
A essência do Inferno não é o sofrimento, mas a vaidade; não a dor, mas a falta de propósito; não o sofrimento físico, mas o espiritual. Dante estava certo ao colocar estes dizeres sobre os portões do Inferno: "Abandonai toda a esperança, ó vós que entrais". 

 KREEFT, Peter. Três filosofias de Vida. São Paulo: Quadrante, 2015.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Características dos ritos litúrgicos


A primeira característica dos ritos litúrgicos é que eles têm caráter memorial. Em outras palavras, que sejam significativos do Mistério Pascal. Sabemos das religiões antigas que o mistério consistia na recitação ritual do mito. No cristianismo, o mistério de Cristo se faz presente e atual, não mais na recitação de um mito, mas na recitação do fato pascal, do evento salvífico do Cristo morto e ressuscitado. 
Portanto, não se trata de símbolos ou ritos que evoquem o mero sagrado, o absoluto, Deus, mas que evocam e tornam presente o sagrado, o divino revelado e realizado em Cristo Jesus. Os tiros são executados não para despertar e realizar um mero sentimento religioso ou uma relação orante com a divindade ou com Deus. Os ritos lançam na experiência religiosa de comunhão com Deus por Cristo e em Cristo Jesus. Esta é, pois, outra característica do rito cristão: a centralidade de Cristo, do Mistério Pascal, de todos os mistérios de Cristo. 
Os ritos têm ainda um caráter orante, oração no sentido de uma experiência de comunhão com o divino, com Deus. Importante observar que esta dimensão orante da Liturgia não se realiza somente através da linguagem oral, através da palavra. Esta expressão orante da Liturgia usa uma linguagem simbólica totalizante, fazendo uso de todas as faculdades e de todos os sentidos do ser humano. Entram a inteligência, a vontade e o sentimento. Entram todos os sentidos: os olhos, os ouvidos, o olfato, o paladar, o tato, a ação, o movimento, a arte do som e da cor, as vestes, a experiência do tempo e o próprio silêncio. Entra o ser humano de corpo inteiro, de corpo e alma. 

BECKHAUSER, Alberto. Celebrar Bem. Petrópolis: Vozes, 2008. 

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

A Escrita Bíblica

Os livros da Bíblia foram escritos em três línguas muito antigas: o hebraico (todos os livros protocanônicos do A.T.), aramaico (Ev. Mateus); grego (livros do N.T). 
O hebraico era escrito sem vogais até o século VII d.C. Somente nos séculos VII a X d.C., os rabinos judeus fizeram a vocalização do texto hebraico introduzindo as vogais (texto massorético). O leitor colocava mentalmente as vogais entre as consoantes, o que podia gerar dúvidas. Por exemplo, a palavra "ah", podia significar irmão, primo ou parente. O hebraico não tinha superlativo e não separava as palavras. 
O aramaico era parecido com o hebraico, falado pelos arameus, comerciantes na mesopotâmia; adotado pelos judeus desde o século V a.C. foi a língua falada por Jesus. O hebraico aos poucos ficou apenas sendo usando no culto divino. O grego era a língua de um povo culto; era falado em todo o Império Romano, e foi muito usada por escritores judeus, uma vez que este povo se espalhou por todo o império. 
Os escritores antigos não dividiam o texto sagrado em capítulos e versículos. Os cristãos é que fizeram para utilizar nas citações e para a Liturgia. Eusébio de Cesaréia (340) dividiu os Evangelhos em 1162 capítulos. Na Idade Média, o arcebispo Estevão Lagnton, de Cantuária (1228), distribuiu o texto latino do A.T. e N.T. em capítulos, esta divisão foi introduzida no texto hebraico do AT e no texto grego dos LXX e do NT e está em uso até hoje. 
A divisão em capítulos e versículos como temos hoje é do século XVI. Santo Pagnino de Lucca (1554) dividiu o AT e o NT em versículos numerados. Robert Estêvão, tipógrafo francês, refez a distribuição do N.T. em 1551. 

AQUINO, Felipe. A Sagrada Escritura: Coleção Escola da Fé II. 9. ed. São Paulo: Cléofas, 2015.




quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

A falta de energia de caráter

Não é de surpreender que, para atingir um fim sobrenatural, deva-se empregar alguns pressupostos de ordem puramente psicológica e natural. Não porque o natural possa por si mesmo produzir algum efeito sobrenatural - heresia pelagiana condenada expressamente pela Igreja - mas porque o sobrenatural pode encontrar em seu desenvolvimento algum obstáculo adiante. Ou seja, o natural atua unicamente removendo os obstáculos que impedem e dificultam o caminho ("ut removens prohibens" com dizem os teólogos) e não porque possa produzir, por si mesmo, qualquer efeito sobrenatural. Não esqueçamos, ademais, que a graça não destrói a natureza, mas a eleva e aperfeiçoa, colocando-a a seu serviço. 
O principal obstáculo de ordem natural que é necessário remover para seguir adiante é, sem sombra de dúvida, a falta de energia de caráter. Vamos examiná-lo cuidadosamente. 
São legião as almas incapazes de tomar uma resolução enérgica para resolver algum problema difícil que se lhes coloca adiante. Não se excitam nunca ou o fazem muito debilmente. Por causa de sua calma e lentidão, perdem uma multidão de boas ocasiões que, bem aproveitadas, poderiam levá-las ao êxito. Em algumas circunstâncias extremas, se sacrificam até onde for preciso; mas, no geral, lhes falta entusiamo e espontaneidade, porque sua natureza é muito indolente e muito débil. Santa Teresa disse delas com muito acerto: "As penitências que fazem estas almas são tão reguladas quanto sua vida... Não tenhais medo que se matem, porque a sua razão está muito em si". Onde falta, vontade enérgica não há homem perfeito. Para sê-lo, não basta um indolente queria, é preciso chegar a um enérgico quero

MARÍN, Antonio Royo. Ser ou não ser santo...eis a questão: Compêndio da obra: Teología de la perfección cristiana. São Paulo: Ecclesiae, 2016.


terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A Sagrada Comunhão

Os santos dizem que vale muito mais uma Comunhão dos que um êxtase, um arrebatamento, uma visão. A Santa Comunhão transporta o Paraíso inteiro para o nosso pobre coração. Ali o Céu se faz presente; "onde está o Rei está toda a Corte", dizia Santa Tereza de Jesus. Quando Jesus é recebido em uma alma, toda a Igreja exulta de alegria, a dos Céus, a do Purgatório e a da Terra. 
A Santa Comunhão deve ser recebida em "estado de graça". Por isso, se tivermos cometido um pecado mortal, ainda que já estivermos arrependidos e sintamos um grande desejo de comungar, é necessário e indispensável que nos confessemos com o sacerdote antes de Comungar. É bom se lembrar do que São Paulo disse aos Coríntios: "Quem come desse pão ou bebe do cálice do Senhor indignamente, será réu do Corpo e do Sangue do Senhor" (1Cor 11,27). 
Quem receber a Cristo na Comunhão eucarística não pode ter, em consciência, algum pecado mortal. A Confissão comunitária só é válida em casos muito especiais; e, assim mesmo o penitente fica obrigado depois a se confessar com um sacerdote tão logo seja possível (cf. Cat. 1483). 
Mas o que é pecado mortal?
"É pecado mortal todo pecado que tem como objetivo uma matéria grave, e que é cometido com plena consciência e deliberadamente" (Cat. 1859). Isto é, uma infração grave à lei de Deus, cometida de maneira consciente e livre. 
A matéria grave, ensina o Catecismo, é precisa pelos Dez Mandamentos, segundo a resposta de Jesus ao jovem rico: "Não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não defraudes ninguém, honra teu pai e tua mãe". (Mc 10,19) (Cat. 1858). 
Um modo delicado de preparar-nos para a Sagrada Comunhão é invocando a Virgem Imaculada e entregando-nos a ela para que nos prepare para receber a Jesus com a humildade, com a sua pureza, com o seu amor, e que venha ela mesma recebê-lo em nós. Esta piedosa prática foi recomendada por muitos Santos, especialmente por São Luiz Grignon de Montfort, por São Pedro Julião Eymard, por Santo Afonso de Ligório, São Maximiliano M. Kolbe e muitos outros: "A melhor preparação para a Santa Comunhão é a que se faz com Maria". 

AQUINO, Felipe. O Segredo da Sagrada Eucaristia. 12. ed. São Paulo: Cléofas, 2015.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Santificado seja o vosso nome

O primeiro pedido do Pai-Nosso recorda-nos o Segundo mandamento do Decálogo: não deves desonrar o nome de Deus (Ex 20,7; cf. Dt 5,11). Mas o que é isso, "o nome de Deus"? Quando falamos disso, aparece diante de nós o quadro em que Moisés no deserto vê uma sarça que arde, mas que não se queima. No primeiro momento, ele é impelido pela curiosidade de ver este misterioso acontecimento mais de perto, mas então uma voz chama por ele de dentro da sarça, e essa voz lhe diz: "Eu sou o Deus dos teus pais, o Deus de Abraão, de Isaac e o Deus de Jacó" (Ex 3,6). Este Deus manda-o de volta para o Egito com a missão de conduzir o povo de Israel do Egito para a Terra Prometida. Moisés deve, em nome de Deus, exigir do faraó a libertação de Israel. 
Mas no mundo de então havia muitos deuses; por isso Moisés pergunta-lhe pelo seu nome, com o qual este Deus, na sua especial autoridade, se identifica face aos deuses. Deste modo, a ideia do nome de Deus pertence imediatamente ao mundo politeísta; nele deve também este Deus se dar um nome. Mas o que Deus que chama Moisés é realmente Deus. Deus em sentido verdadeiro e próprio não existe no plural. Deus é por definição  apenas um. Por isso, Ele não pode entrar no mundo dos deuses como um entre muitos, não pode ter um nome entre outros nomes. 
Assim, a resposta de Deus é simultaneamente recusa e promessa. Ele diz de si mesmo simplesmente: "Eu sou o que sou" - Ele é simplesmente. Essa promessa é nome e não é nome ao mesmo tempo. Por isso era inteiramente correto que em Israel esta autodesignação de Deus, que fora escutada na palavra YHWH, não fosse pronunciada, não tivesse sido degradada para uma espécie de um nome de deuses. E por isso não era correto que nas novas traduções da Bíblia este nome, tão misterioso e inefável para Israel, fosse escrito como outro nome qualquer, e assim o mistério de Deus, do qual não há nem imagens nem nome pronunciável, tenha sido submergido no comum de uma história geral da religião. 

Ratzinger Joseph - Bento XVI. Jesus de Nazaré. Primeira Parte - Do Batismo à Transfiguração. São Paulo: Planeta, 2007.

domingo, 1 de janeiro de 2017

Maria Virgem, Mãe de Deus

Regozijemo-nos, irmãos! Alegrem-se, exultem os povos!
Este dia foi tornado sagrado para nós, não por causa do sol visível, mas em honra do sol invisível, o Criador, quando se tornou visível para nós, ao nascer no seio fecundo e intacto da Virgem Maria, que ele mesmo, Deus invisível, havia criado. 
Maria permanece virgem ao conceber seu Filho, virgem como gestante, virgem ao dá-lo à luz, virgem ao alimentá-lo em seu seio, sempre virgem. 
Por que te admiras disso, ó homem? Uma vez que Deus se dignou fazer-se homem, convinha que nascesse desse modo. Foi ele quem fez aquela de quem nasceu. Antes de nascer dela, já existia. E posto que era onipotente, pôde ser feito, permanecendo o que já era. Estando no seio do Pai, fez-se para si uma mãe. E uma vez tendo nascido dessa mãe, continuou a permanecer junto do Pai. Como deixaria de ser Deus, ao tornar-se homem, ele que concedeu à sua mãe permanecer virgem ao gerá-lo? 
Portanto, pelo fato de que "a Palavra se fez carne" (Jo 1,14), não se há de deduzir que a Palavra, ao passar a ser carne, aniquilou-se enquanto tal. Ao contrário, foi a carne que se associou à Palavra para não perecer. 
Assim como o homem é alma e corpo, do mesmo modo, Cristo é Deus e homem. Aquele mesmo que é Deus, é homem. E o mesmo que é homem, igualmente é Deus, sem que se confundam as naturezas, mas na unidade de uma só Pessoa. 
Finalmente, aquele que como Filho de Deus é coeterno ao que gera, existindo no Pai, desde sempre, o mesmo começou a ser filho do homem, ao nascer da Virgem. 

Santo Agostinho. A Virgem Maria. Cem textos marianos com comentários. Paulus. São Paulo. 2014